terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pelo fim do "nordestino"

(Texto publicado originalmente no Overmundo em 30/01/2007)

Muito se fala sobre o preconceito que os nordestinos sofrem nas grandes capitais do sudeste, mas em minhas andanças por essas bandas, vi pouco disso na verdade. Claro que sou nordestino fajuto, nasci na cidade de São Paulo, mas tive minha formação em Maceió, capital do estado de Alagoas, desde os três anos de idade (ou seria um paulista fajuto? Ou ainda um alagoista?).

Preconceito declarado, discriminação mesmo, nunca vi, mas um desconhecimento inacreditável da mais básica geografia brasileira, isso muito.

Não posso contar, nos dedos das mãos e dos pés, quantas vezes me encontrei nesta situação: Alguma festinha ou reunião de qualquer natureza, onde algum cidadão, minutos depois de me conhecer (quem apresenta já diz de onde você é, como um sobrenome, mas nada contra) chega e me pergunta: “sim amigo, mas lá em Fortaleza, tal e coisa?” como se fosse na esquina da minha casa! Então eu respondo que Fortaleza está tão distante de Maceió quanto Belo Horizonte (aproximadamente).

Aliás, foi lá em BH que uma vez um amigo do meu amigo me disse “poxa, você é do Nordeste, quando passar pela Passarela do Álcool, lembre que eu blá blá blá, num sei o quê por lá”. Respondi pra ele que nunca estive em Porto Seguro, ele achou estranho, por eu ser nordestino, mas expliquei que a tal Passarela é bem mais perto de onde ele mora que Maceió algumas centenas de km. É do lado de BH.

Muito sujeito cheio de título, curso disso e daquilo, já chegou pra me perguntar se Maceió é a capital de Aracaju, entre outras atrocidades. Ajuda aí né amigo? Se fosse uma coisa rara de acontecer, vá lá, tudo bem, mas acredite, é constante e corriqueiro.

Muito me estranha que o carioca seja carioca, com sua identidade e lugar no espaço territorial desse Brasil nacional, e não sudestino. O carioca é carioca, o mineiro é mineiro, tal qual o paulista e também o capixaba. Ninguém é sudestino.

Essa coisa do termo “nordestino”, e até do orgulho de sê-lo, é um tanto equivocada, coloca todo mundo no mesmo saco de farinha, da mesma forma que as generalizações “baiano” e “paraíba”, tão usadas em São Paulo e Rio de Janeiro respectivamente.

Nada contra os baianos e os paraíba(nos), muito pelo contrário, mas, bem, eu sou alagoano, não porque isso seja lá grande coisa, sem essa de nacional-fascismo do tipo “minha terra, minha cultura e minha praia são melhores que as dos outros. Se discordar, peixeira”. Nada disso, é uma questão de dar nome aos bois mesmo, e de recuperar aquelas aulas de geografia que, sem dúvida, muita gente Brasil afora matou ou bombou forte.

Esse termo, tão usado, tão comum, o “nordestino”, alimenta a preguiça em relação a pensarmos melhor o nosso País, conhecê-lo o mais de verdade possível, sem colocar “aquele amontoado de estados pequenos”, seus povos e culturas, sotaques e costumes, na mesma categoria: “Os nordestinos”.

De Maceió até Recife são menos de 300 Km, Alagoas já fez parte da capitania de Pernambuco. No entanto, em Maceió, eu vou à casa DO fulano, e em Recife eu vou à casa DE beltrano, entre todas as incontáveis diferenças. E viva a diferença!

“O nordestino” é uma construção cultural e histórica que perpetua o preconceito de uma forma muito sutil. Portanto eu digo: Pelo fim do nordestino! Vamos acabar com isso gente, deixa dessa...

Antes de terminar, preciso contar mais um causo desses, um dos meus preferidos. Estava hospedado na casa de uma amiga de Alagoas que vive em Porto Alegre. Nessa época, ela morava com uma estudante de Relações Exteriores (!) gaúcha de vinte e poucos anos que me disse o seguinte: “Antes de morar com uma nordestina, eu pensava que o nordeste era ali onde tem a seca e aquela coisa toda...como chama mesmo?” eu respondi “sertão” e ela continuou “isso mesmo, achava que o sertão era o nordeste e que o norte era ali onde tem aquelas praias tropicais bonitas com coqueiros”.

E pra acabar com a conversa: um brinde aos paraibanos, pernambucanos, potiguares, cearenses, baianos, sergipanos, alagoanos, maranhenses e piauienses!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sexta 02/12 - Coisa Linda Sound System no Banga Bar


Depois de alguns meses sem tocar em Maceió, após o lançamento de Rochedo de Penedo, nosso terceiro disco, voltamos aos palcos maceioenses com um show onde apresentamos algumas músicas do novo trabalho, além de músicas antigas, dos discos anteriores, Da Vida e do Mundo (2009) e Marcelo Cabral e Trio Coisa Linda (2005).

A noite marca o lançamento do artista Yan Simou, e também vai rolar Além de Nós levando uns som pra galera. Enfim, vai ser massa! Apareçam!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Coisa Linda Sound System ao vivo em Penedo

Após lançar o disco Rochedo de Penedo e rodar um videoclipe na cidade histórica, a banda se apresenta no Festival Gastronômico do Baixo São Francisco.

Penedo. Cidade histórica ao sul de Alagoas, nas margens do velho Rio São Francisco. Lugar de paisagens incríveis e sabores marcantes. Estive na cidade para uma apresentação da nossa banda, Coisa Linda Sound System, na programação do Festival Gastronômico do Baixo São Francisco, onde a verdadeira atração é este réptil mágico, este animal delicioso, ele, o jacaré!

Comigo, meus comparsas musicais, Dinho Zampier, Aldo Jones e Felipe Gomes, nosso vegetariano de plantão, que não se deliciou com nenhum dos animais comidos neste evento, como siris, camarões e outros bichos.

Chegamos à tarde de sábado, 29 de outubro, data do nosso show, e guardamos nossas bagagens no albergue da Universidade Federal de Alagoas, com uma vista espetacular do Velho Chico. O curso de Turismo produz o evento gastronômico há quatro anos em Penedo, cidade que inspirou, ao lado do Rio São Francisco, o nosso novo disco, Rochedo de Penedo, o terceiro do Coisa Linda Sound System.

Recentemente também lançamos um videoclipe rodado na cidade, e o convite para tocarmos no festival surgiu em um bom momento, até porque estávamos com muita fome! De palco, e de prato.

Seguimos para a passagem de som. O palco era bacana e o som parecia bom, um verdadeiro milagre, considerando as roubadas que costumamos enfrentar nas tocadas em Alagoas e outros Estados. A atmosfera era de beleza e poesia. O pôr do sol, o rio em tons prateados, o centro histórico, e uma jacarezada para mil pessoas sendo preparada neste cenário!

Feito com dendê e leite de coco, trata-se de uma muqueca meu amigo, das melhores. A parte mais apreciada do nosso querido réptil é a cauda, onde se encontra uma carne perfeita, saborosa e distinta. Em geral, as pessoas tem esta necessidade de comparar,”parece peixe” diz um, “bacalhau do São Francisco”, chama o outro. Para mim, tem um gosto de jacaré danado! Diferente de tudo.

Depois de uma longa espera, finalmente mandamos o jacaré pra dentro, servido em um pratinho de plástico, trazido ao palco pelos produtores. Agora sim, passamos o som satisfeitos, e fomos nos preparar para o show mais tarde.

Som e sabor

Contrariando todas as expectativas de tocar no interior de Alagoas para um público que não conhecia o nosso trabalho, fomos surpreendidos por um show perfeito, e uma receptividade positiva do público, que comprou um bocado de discos após a apresentação. Uma noite e tanto para a banda.

Animados, seguimos comendo e bebendo após o show, cerveja e umas cachaças artesanais que distribuíram por lá. Enquanto os camaradas do Alma de Borracha faziam um som, circulamos pelas barraquinhas de comida do evento, onde os comerciantes locais faziam a festa. O dinheiro circulando e as bocas salivando. Bonito de ver. Segui o conselho da amiga Melissa Mota, secretaria de infraestrutura do município, e mandei um pastel de siri na Barraca do Siri. Uma delícia frita, crocante, recheada com filé de siri e catupiry cremoso. Se é leve? Não meu caro! Nem a pau!

Ainda iríamos a alguns bares, comer mais, beber mais. E assim terminou uma noite perfeita. A manhã seguinte nos aguardava com uma ressaca assassina, que seria curada pelo almoço, a convite de Melissa: Uma camarãozada maravilhosa, e claro, mais jacaré, preparados pela Dona Vera, no restaurante Forte Maurício de Nassau. Agora, hora de dormir. Valeu Penedo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Coisa Linda Sound System lança videoclipe rodado na cidade histórica de Penedo



Rochedo de Penedo, faixa título do novo disco da banda alagoana, ganha versão audiovisual

A cidade histórica de Penedo, às margens do Rio São Francisco, na região sul do estado de Alagoas, foi locação obrigatória para rodar o videoclipe da faixa instrumental Rochedo de Penedo, que dá nome ao novo álbum da banda alagoana Coisa Linda Sound System. Cidade e rio serviram de inspiração para o grupo escrever um disco de música contemporânea que foi bem recebido, tanto pelo público, como pelos blogs e sites especializados em música independente de todo o país, conquistando o 2º lugar na votação popular da categoria “Disco do Ano” no tradicional Prêmio Uirapuru de Música Brasileira, promovido pela revista/blog O Dilúvio, de Porto Alegre/RS.

O clipe foi dirigido pelo compositor e músico Alvinho Cabral, da banda Fino Coletivo, e Eduardo Bahia, integrante do grupo multimídia Saudáveis Subversivos, a edição também é assinada por Alvinho Cabral. O diretor estreante falou sobre a experiência e de seu interesse em dialogar com outras linguagens artísticas além da própria música, migrando também para a seara do audiovisual. “Acredito que é importante, para qualquer artista, diversificar seus horizontes e explorar outras linguagens. Além de ter sido muito divertido nossa passagem por Penedo, onde inevitavelmente comemos uma tilápia no restaurante Forte da Rocheira, que freqüentava com meu pai quando era pequeno, e admiramos a beleza da paisagem do Rio São Francisco”.

Captado em tecnologia Full HD e câmera de aparelho celular, o videoclipe tem roteiro do compositor, vocalista e baixista da banda, Marcelo Cabral, idealizador do conceito do disco. Já a música Rochedo de Penedo, é de autoria do tecladista do grupo, o compositor Dinho Zampier. O lançamento online do videoclipe já está disponível para o público no canal de vídeos da banda no Youtube, entre outros espaços online como Myspace e mídias sociais.

Rochedo de Penedo (2010) é o terceiro disco lançado pelo grupo Coisa Linda Sound System. Além de Marcelo e Dinho, integram a banda o baterista Felipe Gomes e o guitarrista Aldo Jones. O álbum também contou com a participação de outros músicos durante as gravações de Rochedo de Penedo, como o guitarrista João Paulo, da banda Mopho, Fipa Vazques, do duo paulistano de música eletrônica Minima, e o músico e produtor Sergio Soffiatti (OBMJ), que também assina a mixagem e masterização da obra.

Serviço:
Lançamento do videoclipe Rochedo de Penedo, da banda Coisa Linda Sound System
Direção e edição: Alvinho Cabral
Direção de fotografia: Eduardo Bahia
Roteiro: Marcelo Cabral
Exibição: Canal Youtube da banda
Artista: Coisa Linda Sound System
Música: Dinho Zampier
Contato: (82) 9912-0245 coisalindasoundsystem@gmail.com
Coisa Linda Sound System na Web: Myspace http://myspace.com/coisalindasoundsystem
Flickr http://flickr.com/coisalindamusic Twitter @davidaedomundo Siga também no Facebook.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Velho



Só sei meu nome, o telefone eu esqueci
Só mais uma vez, juro que nunca prometi, não
Querendo um pouco de tudo, querendo, tudo
Querendo respirar somente agora

Só sei quem sou, um velho escritor
Que não escreve nada, que fica ali num canto
Que não vê mais encanto, não quer mais brincar

Pensei ser forte, como o rochedo
Mas sou tão mole como a água
Água derruba tudo, mas é tão pura
Que vou pedir outra cachaça

Vídeo do show de lançamento de Rochedo de Penedo. Teatro Linda Mascarenhas. Maceió/AL. "O Velho" de autoria de Marcelo Cabral. Alguns direitos reservados (CC).

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sambaicaitá


Estes são os caras que estão fazendo uma música instrumental de rocha em Alagoas. Coisa nova, autoral, quentinha recém saída do forno. Ao meu ver, seria presença obrigatória no Maceió Jazz deste ano (2011). Massa mesmo.

Endi Silva é criativo e musicalmente doidão, no melhor sentido possível, além dos violões, ele também passa a assumir os pianos no trio. Meu querido amigo André Meira mostra a que veio e por isso é um dos mais requisitados baixistas de Maceió, já fez som conosco no Coisa Linda, toca com Vitor Pirralho e em outras frentes de batalha por aí. O batera Robson Pires é outra novidade bem vinda na cena musical alagoana.

É isso aí. Gente nova e talentosa como eles merece oportunidades para desenvolver seu trabalho. Este trio, por mais despretencioso que seja, não deve ser subestimado pela pouca idade e produção relax. os caras são grandes músicos e se depender de qualidade e criatividade, eles vão longe.

Aliás, a música instrumental alagoana precisa mesmo respirar novos ares.

Escute o som dos caras aqui neste link.




terça-feira, 5 de julho de 2011

Oxe Chas, que peste é isso?

John Constantine é, sem sombra de dúvida, um dos personagens mais interessantes surgidos nos quadrinhos dos anos 80 pra cá. Criado pelo maestro Alan Moore como coadjuvante em uma história do Monstro do Pântano, para estrear sua própria série solo, Hellblazer, e se tornar um sucesso editorial com o grande roteirista Jamie Delano, que deu consistência e personalidade ao mago inglês.

Recém lançado no Brasil pela Panini, a edição mais que especial Pandemônio traz o roteirista original da série em sua melhor forma, resgatando John da fase chata do Brian Azzarelo, que é um bom escritor, mas não soube imprimir sua marca no personagem sem descaracterizá-lo. Mais um exemplo de que não é aconselhável deixar John nas mãos de americanos certo? Ou preciso lembrar daquele filme horroroso com o Keanu Reaves? Heresia pesada!

John paulistano mano?!

Depois dos Constantines americanos, chegamos aos equívocos recentes de tradução pauliscêntrica da Panini/Vertigo para o personagem. Um tradutor simplesmente não pode usar termos como “mano” e “zoado” e achar que isso é uma linguagem universal em um país de proporções continentais como o Brasil. Existem leitores que compram estas revistas aqui em Maceió, em BH, Porto Alegre ou Belém.

É preciso respeitar a diversidade cultural e tomar mais cuidado com esse tipo de coisa. Meu conselho é viajar e conhecer o país minimamente, e ver que cada lugar tem seu próprio universo de sotaques e expressões que NÃO devem ser usados, buscando-se os termos e expressões mais universais e coerentes possíveis. Depois da carioquização da Tv pela Rede Globo, só falta um paulistaneamento dos quadrinhos. Por favor, né?

Não tenha dúvida, que “mano”, “zoado” e outros termos paulistanos, são percebidos pelo restante de fãs de quadrinhos do Brasil de forma tão caricata quanto se eu fosse traduzir uma fala de Constantine dizendo pro seu amigo taxista, “Eita Chas, me leve naquela peste daquela vala sujeira ao sul de Londres, vou resolver essa fuleiragem com esses cabras”.

Como eu acho que trabalho nunca é demais, precisando de tradutor, tenho o Cambridge FCE em inglês, espanhol fluente também, sou jornalista e editor. Good bye e muchas gracias.

(Imagem acima, John Constantine por Marcelo Cabral, em esferográfica e marcador de texto sobre papel).

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Consumo Consciente

Em Maceió, ao comprar uma vassoura por 8 R$, você fortalece uma cooperativa de catadores e varre a poluição de nossas praias, rios e lagoas.

Toneladas de lixo passam décadas para desaparecer da natureza, como o plástico e garrafas PET, poluindo praias, rios e lagoas em Maceió. Um problema sério que destrói nossas belas paisagens e pode inviabilizar o turismo. Não existem soluções milagrosas, em longo prazo, a mais importante, é a educação, para sensibilizar sobre o correto destino do lixo.

Mas iniciativas como as vassouras ecológicas, produzidas pela Cooperativa de Catadores da Vila Emater, a Coopvila, apontam para soluções práticas hoje, que além de reduzir a carga de lixo no ambiente natural, garante trabalho e sustentabilidade para as famílias dos cooperados. Mas para isso acontecer, o consumidor maceioense, a sociedade alagoana, deve participar desta campanha.

Vassouras de ótima qualidade, produzidas com garrafas PET e madeira legal. Por 8 R$ você ajuda a Coopvila a reciclar Maceió! Seja um consumidor consciente, entre em contato com a Coopvila pelo número (82) 3355-5196 e colabore para varrer a poluição de nossa bela capital. Visite a Coopvila, na via principal do Sítio São Jorge, Rua Presciliano Sarmento, 44/A.

O projeto dos núcleos produtivos é uma iniciativa do Ceasb. A CHESF e o Governo Federal apóiam este projeto.

Coopvila – Reciclando Maceió
(82) 3355-5196
E-mail: ceasb.al@ceasb.org.br

terça-feira, 1 de março de 2011

Hoje é o dia do catador!

Parabéns aos que fazem este trabalho tão importante para a limpeza e a saúde de nossas cidades! Continuem na luta por dignidade, por reconhecimento e cidadania. Ah! E obrigado por terem criado a coleta seletiva! Agora, cabe a todos nós, pessoas, empresas e governos, fortalecer o trabalho desta categoria rumo a um ambiente mais saudável e racional de consumo. Um abraço especial para todos na Cooperativa de Catadores da Vila Emater - Coopvila, em Maceió, com quem já tive a honra de trabalhar, através do Ceasb, quando a formação da cooperativa ainda era só um sonho. Força na luta!!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Coisa Linda, Ding e DJ Barão no Skol Maceió Independente





















Foto: Coisa Linda ao vivo no lançamento de Rochedo de Penedo. Por Raul Plácido



Fim de tarde na Praia da Sereia, localizada a poucos minutos do Centro de Maceió, no litoral norte da capital. Este é o cenário para o encontro de duas bandas que vem chamando a atenção do público local com repertórios autorais consistentes, Coisa Linda Sound System e Ding, que vão animar a tarde e noite do domingo 27/02, a partir das 17:00h no Bar do Titio, dentro da programação Skol Maceió Independente.

Nós do Coisa Linda Sound System, vamos apresentar o set do novo disco, Rochedo de Penedo, com grooves, rocks, baladas e beats eletrônicos, em canções e temas instrumentais como Gravidade, Flor da Montanha, O Velho e Grude, além de algumas músicas antigas, selecionadas dos nossos discos anteriores.

O Ding é uma das boas novidades da música independente em Maceió. Com uma sonoridade pra cima e canções praieiras, a música produzida por eles é a trilha sonora do pôr do sol na Praia da Sereia. Para completar a noite, a discotecagem de DJ Barão, um dos mais requisitados em solo alagoano para animar as melhores festas. Imperdível

Serviço: Coisa Linda Sound System, Ding e DJ Barão no Skol Maceió Independente.
Onde: Bar do Titio, Praia da Sereia (Obs: Parada de ônibus em frente ao evento).
Data: 27/02
Horário: 17:00h.
Preço: 10 R$.
Contato: penzofilho@hotmail.com

Mais informações, áudio, fotos e links na Agenda Overmundo.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ação Alien - Coisa Linda Sound System



Mais um vídeo do show de lançamento de Rochedo de Penedo. Essa música é bem direta, e trata do que vemos todos os dias: Gente colocando a culpa de todos os males nos governos que eles elegeram e nos demônios que eles criaram. Que reclamam da sujeira e degradação ambiental, enquanto jogam lixo pela janela do carrão de luxo. De quem fala muito e não faz porra nenhuma. Ação Alien é sobre esta alienação esquizofrênica da nossa sociedade. De quem é a culpa? Aliens infiltrados que desejam enfraquecer nossas estruturas com objetivos de dominação global?...Provavelmente...Ou talvez, jamais saberemos...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

She Are










O selo alagoano Popfuzz Records inicia 2011 apresentando o primeiro traba­lho da banda She Are. Esse é o 11º lançamento do selo. A banda She Are integra o coletivo Popfuzz e teve sua origem na cidade de Arapiraca, agreste alagoano, em meados de 2009. Formada por: John Harisson (bateria), Emilio Lima (guitarra), Marcos Cajueiro (PC Keybo­ard) e Tales Maia (synths), o grupo surge com a proposta de construir uma sonoridade eletrônica mesclando breakbeat, trip hop, psytrance, 8 bit e indie pop, ou ainda, “retrospace beat".

O EP virtual da banda, auto-intitulado (baixe aqui), surpreende pela diversidade de timbres eletrônicos bem escolhidos, guitarras sim­ples e distorcidas, e batidas que alternam a experimentação e o clima de pista total! As quatro faixas instrumentais do EP fo­ram batizadas apenas como Beat 1, Beat 2, Beat 4 e Beat 8. Assim mesmo, sem muito detalhe para os títulos. Foco na música.

Beat 1 tem uma sonoridade vintage e umas linhas de baixo empolgantes que anunciam a batida quebrada e modesta, mas que cresce gradualmente para um final “todo mundo dançando” de dissonâncias eletrônicas. O segundo beat vem numa onda trip hop para depois cair num batidão com guitarradas na orelha, e uma seqüência de efeitos que criam umas atmosferas que em alguns momentos lembram o grande Daftpunk. Beat 4 tem uma pegada mais rock e a faixa 8 chega com mais melodia, encerrando o EP com um clima lounge de acordes melancólicos.

Um bom conjunto de músicas é aquele que é bom para escutar dançando na balada, trabalhando em frente ao computador ou dirigindo sem pressa na es­trada. Este EP do She Are vai bem nas três opções, e, se isso é só o começo, aguardamos as próximos beats dos caras.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Bonito Lone Wolf Road Trip





























Em dezembro de 2010, na semana entre o Natal e o Ano Novo, Rosina estava na sua terra, visitando a família, e eu estava meio de saco cheio de praia, em nossa casinha na Garça Torta, litoral norte de Maceió. Dei uma olhada na previsão do tempo e peguei a estrada rumo ao norte, no município de Bonito/PE.

Conhecida por suas cachoeiras e belas paisagens, estive em Bonito pela primeira vez no (tranqüilo) carnaval deste mesmo ano, quando acampamos com alguns amigos e suas crianças. Então, no final do ano, voltei sozinho ao mesmo destino, o Camping do Mágico.

O bacana deste lugar é que, além de ter restaurante, simples, de comida boa e bons preços, com estrutura de banheiros, o rio e a Cachoeira do Mágico ficam dentro do terreno do camping. Passei dias cujo único compromisso era encontrar lenha. E noites solitárias e felizes, de luar, fogueira, violão e som de água. Armava minha fogueira lá embaixo, depois da queda d’água, bem longe de gente (nada pessoal).





























Como chegar?

Saíndo de Maceió pela BR 101 rumo a Pernambuco. É possível seguir pela mesma estrada até Palmares e pegar o acesso pra Bonito. Prefiro o caminho mais longo, com menos caminhão na estrada e paisagens mais lindas. É só pegar a esquerda em Messias rumo a União dos Palmares até Quipapá/PE, daí pega a direita até Catende e Bonito. Esta estrada pra União em Alagoas está ótima, mas a de Pernambuco tá meio detonada em alguns trechos já próximo de Bonito.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O Velho Defronte a Catedral






































Quadrinhos que fiz, sei lá, mais de 10 anos atrás, em homenagem a um velho senhor, que nunca soube o nome, morador de rua, que habitava a calçada em frente à Catedral de Maceió, e de costas para a Assembléia Legislativa, no centro da cidade. Por muitos anos ele viveu ali. O ponto do muro onde ele ficava sentado tinha uma mancha com a forma do seu corpo, uma marca da sua presença, por algum motivo de sua preferência ou necessidade, naquele exato lugar. Marcado, ano após ano. E creio que ficou ali, gravado, por um bom tempo, sua forma no muro, após sua morte/desaparecimento/abdução ou outro destino desconhecido.

Todo mundo com mais de 30 anos deve lembrar do cara. Personagem da cidade, lembro que era mencionado em conversas, nos bares e festas, onde escutei todo tipo de lenda a seu respeito. De que era culto e articulado, bem informado sobre política e que detestava jornalistas (só ele né?). Ouvi falar de estudantes de jornalismo e profissionais que tinham ido tentar uma entrevista com o cara e foram dispensados sem cerimônias.

Não duvido, já que eu mesmo conheci pessoas extremamente profundas e cultas, em uma época bukowskyiana e etílica da minha vida, anos atrás, quando me amarrava em trocar idéia com moradores de rua no oco das madrugadas, em Maceió ou em Sampa, para compartilhar algo, tentar entender a vida do cara, sei lá, coisa de repórter, ou de bêbado, mas tive umas conversas inesquecíveis com alguns desses caras. Hoje sou quase abstêmio, o que me trás grandes vantagens, mas me priva de coisas incríveis como algumas conversas que tive com alguns desses caras. Me arrependo de não ter tentado conversar com o cara da catedral, admito, principalmente por total medo da lenda de seu humor com jornalistas.

Verdade ou mito, deixo aqui minha sincera homenagem aquele velho defronte a catedral.

(Participação especial de Alvinho Cabral, que desenhou uns planetas brilhantes que parecem umas bolas de sinuca :)

Fazenda Remanso, mergulho no São Francisco





























E eu que achava que já conhecia bem o município de Piranhas, na minha opinião, o lugar mais lindo de Alagoas. Eu e Rosina fomos apresentados ao Remanso por nossa amiga Evelina, que sempre falava deste local às margens de um transparente, cristalino, azul e verde esmeralda, Rio São Francisco.

A Fazenda Remanso, no distrito de Entremontes, alto sertão alagoano, funciona como pousada, tocada por sua proprietária, Jacqueline, com quartos de 110 reais para até 3 pessoas, simples e confortável, com ar condicionado e serviço de quarto. A comida do lugar, capitaneada pela simpática Cila, é um espetáculo a parte, com refeições como a pituzada e a tilápia. O café da manhã, incluso no preço do quarto, é bem servido, e típico da região, muito cuscuz, inhame, queijo coalho e frutas da estação.

Mas o maior espetáculo é o próprio São Francisco, limpo e cristalino neste trecho, de águas calmas próximas das margens. O banho refrescante naquelas paragens semi-desérticas é uma delícia difícil de descrever. Também é possível alugar os serviços da canoa do Seu Raul, para a prainha deserta na margem oposta, em Sergipe, ou visitar Angico, e fazer a trilha onde Lampião teve seu derradeiro fim, conhecer Entremontes, suas rendeiras e centro histórico, ou mesmo ir à Piranhas, a cidade lapinha do São Francisco.

Como chegar?

300 Km saindo de Maceió pela AL 101 Sul. Na Barra de São Miguel seguir pelo acesso até a BR 101. Na BR 101, virar a esquerda (sentido sul) até o entroncamento com a AL 220, pegue esta estrada até o distrito de Piau. Em Piau, entrar na última rua asfaltada a esquerda e seguir em frente até virar estrada de terra. Daí em diante é só seguir as placas pra Entremontes, antes de chegar lá vai encontrar a entrada com indicação pro Remanso. Ufa! Mas vale à pena.

Fotos da Viagem (fotos PB e noturnas por Rosina Pérez).















Rochedo de Penedo!




































Olá! Depois de um hiato sem postar nada por aqui, graças a um período de muito trampo e pouco tempo, retomo minha conversa fiada, meu papo furado, nestas páginas onde poucos e bons se interessam por minhas lorotas sobre minha banda, literatura, quadrinhos, cinema, música, viagens, ou o que porra der na telha.

Nesse meio tempo, o Coisa Linda Sound System se dividiu entre finalizar a Turnê Da Vida e do Mundo (2009/2010) e as gravações de Rochedo de Penedo (2010), nosso terceiro disco, recém saído do forno.


























O disco foi lançado em um belo evento no Teatro Linda Mascarenhas, em 18/12/10, onde tocamos para um auditório lotado de pessoas interessadas em nossa música, e que espero, tenham curtido tanto aquela apresentação quanto nós quatro da banda (vídeos do lançamento nos últimos posts abaixo). Este show também marcou a estréia de nosso novo batera, Felipe Gomes, que substitui o Peixinho, grande amigo e músico, que deixa as baquetas do grupo tendo prestado grandes serviços, tomado muitas cervejas e dado muita risada, nessas nossas tocadas por aí, na vida e no mundo.

Rochedo de Penedo também marca a chegada do Dinho Zampier para o núcleo criativo da banda. No primeiro disco, Marcelo Cabral e Trio Coisa Linda (2005), apesar da co-produção do Aldo, foi um processo bem solitário para mim, apesar de contar com diversas participações de amigos, grandes músicos, que ajudaram a construir aquela sonoridade. Em Da Vida e do Mundo (2009), nosso segundo trabalho, já como Coisa Linda Sound System, o Aldo Jones passou a integrar este núcleo comigo. Com Rochedo de Penedo (2010), agregamos o Dinho neste processo, o que enriquece nossa música, tornando ainda mais diversificados os nossos horizontes de composição. Músicas como Grude, uma das minhas preferidas, e Rochedo de Penedo, que dá nome ao disco, são composições do Dinho, que também assina parcerias comigo e Jones, como Gravidade, outra música que gosto muito. (clique nos links para baixar).















O disco tem como paisagem o Rio São Francisco e a cidade histórica de Penedo, aqui em Alagoas. Não só Penedo, mas toda nossa região banhada por este rio incrível. Tenho uma forte ligação com esta paisagem/povo/cultura, que faço questão de visitar sempre que posso, e que inspirou as canções e temas instrumentais deste disco.

Regional? Por qva?

Um grande desafio, ao escrever e elaborar o conceito do disco era não cair em um “regionalismo” óbvio, cheio de tambores e pandeiros, macaqueando, papagaiando (no sentido de imitação), uma cultura ribeirinha, linda, que admiro, mas que não faz parte da minha formação musical de cara da capital, e que não soaria real. Trabalhamos um disco de música contemporânea, universal, com referências sutis que remetem à paisagem em questão. Acredito que a arte não precisa ser óbvia. Pelo contrário, degustada, digerida, entendida de forma subjetiva e aos poucos por cada um, e que cada um tire suas conclusões. Mas acho muito estranho quando chamam nosso som de regional. Bom, Vamos lá...

O samba carioca é regional? Não né? É carioca! Música baiana é música baiana, não é regional, certo? Então o que é esse tal de regional?

Pra mim soa como um termo preguiçoso e quase pejorativo, como “paraíba” pra designar “nordestino”, outro termo que também não gosto, me parece jogar tudo no mesmo saco, o que me remete a este debate que levantei no artigo “Pelo Fim do Nordestino”, publicado no Overmundo. Leia e diga o que acha.

É uma forma bem american way de pensar. É como a entrega do Oscar certo? De "Melhor filme estrangeiro". Ou seja, o que é americano é universal, todo o resto é periférico, exótico, latino, asiático, "regional".

Bom, muito tempo sem escrever, já falei demais, volto depois com outras puias e glosas. Até lá!