terça-feira, 5 de julho de 2011

Oxe Chas, que peste é isso?

John Constantine é, sem sombra de dúvida, um dos personagens mais interessantes surgidos nos quadrinhos dos anos 80 pra cá. Criado pelo maestro Alan Moore como coadjuvante em uma história do Monstro do Pântano, para estrear sua própria série solo, Hellblazer, e se tornar um sucesso editorial com o grande roteirista Jamie Delano, que deu consistência e personalidade ao mago inglês.

Recém lançado no Brasil pela Panini, a edição mais que especial Pandemônio traz o roteirista original da série em sua melhor forma, resgatando John da fase chata do Brian Azzarelo, que é um bom escritor, mas não soube imprimir sua marca no personagem sem descaracterizá-lo. Mais um exemplo de que não é aconselhável deixar John nas mãos de americanos certo? Ou preciso lembrar daquele filme horroroso com o Keanu Reaves? Heresia pesada!

John paulistano mano?!

Depois dos Constantines americanos, chegamos aos equívocos recentes de tradução pauliscêntrica da Panini/Vertigo para o personagem. Um tradutor simplesmente não pode usar termos como “mano” e “zoado” e achar que isso é uma linguagem universal em um país de proporções continentais como o Brasil. Existem leitores que compram estas revistas aqui em Maceió, em BH, Porto Alegre ou Belém.

É preciso respeitar a diversidade cultural e tomar mais cuidado com esse tipo de coisa. Meu conselho é viajar e conhecer o país minimamente, e ver que cada lugar tem seu próprio universo de sotaques e expressões que NÃO devem ser usados, buscando-se os termos e expressões mais universais e coerentes possíveis. Depois da carioquização da Tv pela Rede Globo, só falta um paulistaneamento dos quadrinhos. Por favor, né?

Não tenha dúvida, que “mano”, “zoado” e outros termos paulistanos, são percebidos pelo restante de fãs de quadrinhos do Brasil de forma tão caricata quanto se eu fosse traduzir uma fala de Constantine dizendo pro seu amigo taxista, “Eita Chas, me leve naquela peste daquela vala sujeira ao sul de Londres, vou resolver essa fuleiragem com esses cabras”.

Como eu acho que trabalho nunca é demais, precisando de tradutor, tenho o Cambridge FCE em inglês, espanhol fluente também, sou jornalista e editor. Good bye e muchas gracias.

(Imagem acima, John Constantine por Marcelo Cabral, em esferográfica e marcador de texto sobre papel).

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