sábado, 2 de março de 2013

São Miguel Rocks!!!


Pois é! Contrariando todas as minhas expectativas de velho rabugento e pessimista dos eventos colaborativos (tive muitas experiências traumáticas meu amigo. Me dá um desconto aí porra, são 22 anos fazendo isso!), o Grito Rock São Miguel dos Campos 2013 foi um dos momentos mais bonitos da nossa banda, MC+20, desde sua formação em julho do ano passado.

Ao bem da verdade, desde a primeira vez que toquei no interior de Alagoas, em Satuba, por volta dos distantes anos de 1993 ou 94, com o Mental Problems, até o lançamento do disco Rochedo de Penedo, do Coisa Linda Sound System, na cidade histórica de Penedo, às margens do Rio Sao Francisco no sul de Alagoas, sempre foi uma experiência tão gratificante que chega a ser difícil descrever. Uma sensação de estar fazendo algo realmente certo e importante, de democratizar acesso das pessoas a cultura, a diversidade musical, de livra-las de eventos únicos de uma maioria esmagadora, da swingueira sem fim, dos eventos de forró que amanhecem o dia e ninguém reclama, onde rola tiroteio, putaria, motoristas bêbados e confusão. Imagine ser fã de rock em São Miguel dos Campos, em Teotônio Vilela, em Palmeira dos Índios. Deve ser um inferno meu caro! Deve ser foda! Era foda pra mim em Maceió nos anos 90, uma capital com mais acesso a lojas de discos e Mtv (que nessa época, acreditem, não era um canal teen, mas um canal de música), sofremos preconceito por nossos cabelos, roupas e canções, por sermos diferentes... Era um inferno porra! Pois ainda é assim para o pessoal das cidades do interior, e eu me sinto como um cruzado de capa e espada, um verdadeiro vingador do caralho, indo levar o bom, velho, contestador, pensante e libertador rock`n`roll pra essa galera! Amém irmão!!!

Fizemos uma viagem massa de Maceió a São Miguel dos Campos, onde chegamos no fim da tarde. Cidade limpinha e organizada, algo que sempre me impressiona e agrada nas cidades do interior de Alagoas, ao contrário do povo porco de Maceió que joga lixo no chão. O evento começaria em breve, por volta das 19:30h. Nos deparamos com um amplo e confortável camarim. Sensacional! Nada como um bom camarim antes do show certo? A primeira banda começou e nos éramos os próximos. E lá fomos nós!

Todas as bandas tiveram que diminuir o tempo de show, afinal, ele surgiu! Quem? Ora, aquele caricato personagem da minha adolescência de banda de rock, o fascistazinho desprezível com um papel de alguma autoridade míope que dizia "não queremos estes roqueiros horríveis e ameaçadores com suas novidades musicais em nossa cidade. Queremos o fim do evento antes que ele comece". E porque? vocês poderiam perguntar, meus caros leitores, e a resposta é "por que sim!", "por que queremos, podemos e somos preconceituosos o suficiente", "por que não somos espertos o suficiente para entender que cultura afasta os jovens da criminalidade, desenvolve o turismo e movimenta a econômia local". Por isso, estupidez, e nada mais.

No entanto, nessa nossa coisa do rock, existe um marketing na resistência, na luta, e a ação das "autoridades" só aumentou o envolvimento e apoio do público ao evento que foi simplesmente lindo, pacifico, sem problemas, com jovens, adultos e crianças curtindo, muitos deles pela primeira vez na vida, um espectáculo de rock, de graça, com bandas incríveis, e nisso, o produtor Panso e sua turma do Ôtto Coletivo conseguiram um êxito histórico naquela cidade. Nosso show foi massa demais, seguido de apresentações memoráveis dos amigos do Baztian e Necronomicon, bandas que cada dia admiro mais pela qualidade e verdade da música que produzem. O público? Pirou total bicho! A Praça da Igreja Matriz lotada de gente, e ainda vieram, trazidos pelo amigo Mávil Lôdo, mais de 40 pessoas do município de Teotônio Vilela!

Depois dos shows, nós das bandas vendemos muitos discos, posamos para fotos com o público, autógrafos e tudo mais. As pessoas estavam realmente felizes por ter acesso a um evento gratuito e com bandas como aquelas. Enfim, uma noite sensacional. (Imagem por Wellbert Telles).


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